Re-Born & Raised – uma tentativa de explicar o último do John Mayer

10:16 Raquel 0 Comments


Essa é a quinta vez que tento começar a resenha do Born & Raised – o último do John Mayer, vamos ver se finalmente acerto.

É óbvio que ele já está mais do que conhecido, que todo mundo já ouviu, já resenhou, mas acho que não existe uma regra quanto a resenhas de álbuns antigos. Na verdade, minha intenção de falar do Born & Raised tem mais a ver com a história que o circunda do que em si do álbum.

Com a vinda do John ao Brasil (finalmente!) em setembro e a recente volta dele aos palcos, achei propício discorrer sobre o significado que o Born & Raised tem para os fãs e, obviamente, para o próprio John. Quando, pela primeira vez lá em maio de 2012, eu comecei a escrever essa resenha, tentei começar falando do passado, mas achei clichê demais. Aí tentei falar da superação de John sobre a doença que atacou suas cordas vocais. Mas achei cafona demais, apelativo demais, drama queen demais. Então esqueça, o título não diz respeito a sua cura, tampouco sobre a volta do tal granuloma (e a sua cura, mais uma vez).

O título diz respeito sobre a sensação que esse álbum causou em mim em relação ao John Mayer, de como ele renasceu como músico. Sobre como ele parece ter esquecido tudo o que havia feito anteriormente e começou um álbum do zero, com estilos e influências diferentes. Sobre colocar a cara para bater sem medo de ser feliz.

Claro, a nova fase tem muito a ver com o que Mr. Mayer passou nos últimos tempos, mas não estou falando só sobre seu estado físico. Estou falando sobre o aparente amadurecimento, sobre seu isolamento e como ele tem ponderado mais sobre o que, com quem e quando fala. Isso se reflete em suas letras que sempre foram autobiográficas, é verdade. Ainda lembro, a quase 10 anos, de ouvir Bigger Than My Body e de ficar encantada. E desde então, já são quase 10 anos de doação, de respeito e admiração.

E passaram-se boatos, fofocas e comentários maldosos. Pessoas que não conseguiam ver além da figura. Mas permaneci, sabendo que sua música ultrapassava a figura pública de John Mayer. Sabendo que cada minuto de sua herança musical vinha do John Clayton Mayer. Vinha daquele garoto inseguro e preocupado que escreveu Stop This Train, aquele que pede ao pai ajuda por estar tão confuso quanto ao rumo que sua vida andava tomando. Aquele que escreveu No Such Thing em que descreve como seus dias na escola não foram dos melhores.

Mas sinto que Born & Raised é ainda mais autobiográfico (se é que é possível). Na verdade, sinto que Born é autorreflexivo.  É uma conversa de John Mayer com John Mayer. Não é ele gritando para o mundo como se sente, como em 83. Faixa a faixa, o álbum é uma conversa em primeira pessoa em que narrador e ouvinte são o mesmo.

Após alguns erros, John se isolou, mudou-se para Montana, bem diferente de Los Angeles, e realizou sua primeira cirurgia na garganta. Por conta de tantos acontecimentos, o que vemos com Born, aliás, o que ouvimos em Born, é um álbum sincero e cheio de significados.

Com uma influência claramente country, as músicas trazem guitarras claras, sem distorções. E violões, muitos deles por toda parte, de todas as formas. Mais do que nos álbuns anteriores. E a cada faixa, a surpresa me toma de assalto. Estou tentando explicá-lo. E como eu disse no título, isso é uma mera tentativa de explicar, não que eu vá conseguir, de fato.

Outro motivo pelo qual eu resolvi retomar esse texto, é a entrevista dada no dia 7 de fevereiro ao “Sunday Morning” da CBS que coloquei abaixo. São 10 minutos muito válidos. E confesso que chorei ao ouvi-lo cantar pela primeira vez em quase dois anos. Como o vídeo mostra. Assisti-lo ali no palco, cantando depois de passar por tanta coisa, me deixou emotiva.  E vê-lo mais maduro, me faz vê-lo como ser humano de novo e isso revigora minha admiração pelo músico incrível que ele é. A entrevista é uma tradução de tudo aquilo que musicas como Age of Worry e Shadow Days já havia nos contado meses antes.

Então, de verdade, nada que eu fale durante essa “resenha” fará diferença. Basta ouvir o Born & Raised para entender o momento e a sensação. Aos fãs que acompanharam toda a trajetória, sabem do que estou falando. Aos que conhecem o John por uma musica ou outra, separe alguns minutos para escutar esse álbum com atenção. John Mayer nunca me pareceu tão claro e sincero. Tão exposto.

0 comentários: