Ui, rapidinhas! - Cover de Jeff Buckley para Smiths Ganha Clipe Lindo


It's so easy to laugh. It's so easy to hate. It takes strength to be gentle and kind. 
"I Know It's Over" é, provavelmente, uma das minhas músicas favoritas dos Smiths. Uma delicadeza cortante que já me fez lacrimejar algumas vezes. Então, quando hoje me deparei com o clipe dirigido Amanda Demme e produzido pela Amy Redford para o cover que Jeff Buckley fez para essa música, parei o que estava fazendo para assistir.



O clipe traz a relação de um garotinho ansioso com sua mãe. A estética criada por Demme e Redford quase me fazem crer que Buckley em pessoa tenha pedido por esse clipe. É reconfortante e, ao mesmo tempo, levemente perturbador e inquietante, como se a mãe fossemos nós, e o garotinho, a ansiedade que se faz presente em nossas vidas e com a qual nem sempre sabemos como, mas precisamos cuidar a todo momento.

A delicadeza cortante de uma canção tão, tão bela transparece e transborda por todo o clipe. E Jeff, um dos meus cantores favoritos, cantando uma das minhas músicas favoritas dos Smiths? Sem palavras. Mesmo depois de tantos anos, ele ainda consegue me deixar muda, plantada onde estou, tentando digerir essa melancolia toda que só ele sabe transparecer e interpretar.

O cover de Buckley faz parte de uma coletânea de músicas inéditas chamada "You and I" que será lançada em 16 de março. O álbum traz 10 faixas, entre covers e originais, em versões cantadas por Jeff nunca ouvidas antes. Essa compilação foi montada a partir de gravações do cantor no começo da carreira como forma de mostrar aos produtores o que ele estava imaginando para o seu álbum de estreia - o Grace.

Além de "I Know...", Jeff ainda canta "The Boy With a Thorn In His Side" também dos Smiths e outros covers de Led Zeppelin e Bob Dylan.


I Know It's Over - Jeff Buckley (cover The Smiths)
Diretora: Amanda Demme
Produtora Executiva: Amy Redford

Aquele quando Shonda Rhimes me deu uma lição de moral


Se você me perguntasse ontem, o que eu queria ser da vida, eu diria: “Shonda Rhimes”. Assim, sem hesitar porque Shonda é uma das maiores cabeças do mundo do entretenimento. Atualmente, é criadora, produtora executiva e roteirista de três séries veiculadas por um dos maiores canais abertos americanos; ela comanda as noites de quinta-feira com “Grey’s Anatomy”, “Scandal” e “How To Get Away With Murder”.

Sabe quando uma mulher dominou uma noite de primetime assim em uma tv? Nunca. Logo, você pode imaginar porque eu admiro tanto a Shonda. Há quem diga que ela é dramática demais, exagerada demais, drama queen até o osso. Talvez seja essa semelhança em como vemos o mundo que me atraia ao trabalho dela, não sei. Mas admiro sua capacidade de capturar e prender o espectador, em entregar uma história que, por vezes, desce atravessada na garganta.

Mas não é sobre as competências técnicas da dona Rhimes que eu quero falar aqui. Mas, por admira-la tanto que, quando soube que ela tinha sido paraninfa da turma de 2014 da Dartmouth, corri pra assistir ao discurso dela aos alunos que ganhavam o mundo após os anos mais loucos da vida deles.

Deixe-me esclarecer algo antes de começarmos. Eu tenho uma playlist no meu YouTube com vídeos que me sacodem quando preciso; que, por vezes, me fazem levantar da cama, que me fazem ouvir “Eye of the tiger” no meu subconsciente e me preparam para um dia difícil, uma semana complicada, um mês interminável. Os temas são diversos, desde spoken poetry até máster classes e vídeos sobre fazendas urbanas. E, como você pode imaginar a esse ponto do texto, esse discurso da Shonda Rhimes está nessa lista (e você já vai entender o porquê).

Voltemos a parte onde eu queria ser a Shonda. Mas e ela, o que queria? Queria ser Toni Morrison, a escritora ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 1993. E assim a vida se seguia até então: eu almejando ser a Shonda, e a Shonda almejando ser a Toni.

Mas, enquanto eu sonhava em ser a Shonda, ela me dizia no discurso que sonhar é besteira.

Pá! Lá estava ela, de beca preta dizendo na minha cara que sonhar era besteira. E meus olhos se esbugalharam enquanto ela explicava que vivem nos dizendo que devemos sonhar e sonhar alto e não parar de sonhar enquanto não realizarmos, mas que enquanto estamos sonhando, as pessoas felizes e bem-sucedidas, aquelas pessoas realmente interessantes e engajadas estão fazendo.

“Os sonhadores, eles olham para o céu, e fazem planos; eles falam sobre isso incessantemente, e começam muitas de suas frases com ‘eu quero ser’ ou ‘eu gostaria’: ‘eu quero ser um escritor’, ‘eu gostaria de viajar o mundo’  e eles sonham com isso.

Os engomadinhos se encontram para beber e se gabar de seus sonhos, e os hippies imaginam seus mantras e meditam sobre os seus sonhos. Talvez você escreva em diários sobre seus sonhos ou os discute sem parar com o sua melhor amiga ou a sua namorada ou sua mãe. E isso é muito bom. Você está falando sobre isso, e você está planejando isso. Mais ou menos. Você está pintando um céu perfeito de sua vida. E isso é o que todo mundo diz que você deveria estar fazendo. Certo? Quer dizer, isso é o que Oprah e Bill Gates fizeram para atingir o sucesso, certo?

Não.

Sonhos são adoráveis. Mas eles são apenas sonhos. Fugaz, efêmero, bonito. Mas os sonhos não se tornam realidade só porque você os sonha. Éo trabalho duro que faz as coisas acontecerem. É um trabalho duro que cria mudanças”.

Pare de ser um sonhador e torne-se um ‘fazedor’. Quer ser um escritor? Escreva todos os dias, aprimore seu trabalho. Quer viajar? Venda seu carro e compre uma passagem, agora.

Faça algo, mantenha-se em movimento. Comece por fazendo algo que você não gosta até que você alcance o que você quer ser/fazer. Se você não sabe o que quer ainda, sem problemas, só não pare de se mexer; de ir atrás da vida.

Uma das coisas que me fizeram querer ser Shonda é sua eficácia e como ela consegue balancear suas três filhas e suas três séries. Mas Rhimes ainda tinha uma lição para mim: é impossível ser perfeito.

“Se estou acertando em uma parte, estou inevitavelmente falhando na outra. Esse é o dilema. Essa é a barganha Faustiana que se faz com o diabo para ser uma mulher poderosa no trabalho e uma mãe poderosa. Você nunca se sente a cem por cento ok; você nunca terá seus pés na areia; você está sempre um pouco enjoado. Algo está sempre perdido.

Algo está sempre em falta.

E, no entanto. Eu quero que minhas filhas me vejam e me conheçam como uma mulher que trabalha. Eu quero dar esse exemplo a elas. Eu gosto de como elas estão orgulhosas quando elas vêm para meu escritório e sabem que elas vêm para a Shondaland. Existe uma terra nomeada após a sua mãe. Em seu mundo, mães administram empresas. Em seu mundo, mães reinam nas noites de quinta. Em seu mundo, mães trabalham. E eu sou uma mãe melhor para elas por isso. A mulher que eu sou por ter de administrar a Shondaland e escrever o dia todo (...) essa mulher é uma pessoa melhor – e uma mãe melhor. Porque aquela mulher é feliz. Aquela mulher está satisfeita; aquela mulher é completa.”

A vida adulta assusta, e o medo de 'ter de ser algo' chega a ser paralisante. Mas no fim, é preciso continuar se movendo e fazer algo, sempre.

Se você me perguntar agora, o que eu quero ser da vida, tenho que dizer: “eu”. E, se for preciso, esses 24 minutos de “tapas na cara” dados pela Shonda Rhimes serão reproduzidos todo santo dia, até que a "sonhadora" aqui, se torne uma “fazedora”.

Faz Cena - Girls: All Adventurous Women Do


A série Girls (HBO), uma das grandes revelações de 2012, terminou sua 4ª temporada em março de 2015 e já está com a 5ª temporada confirmada para janeiro de 2016. Quando surgiu, tinha gente dizendo que era uma nova Sex & The City, mas a criadora (e protagonista) Lena Dunham tratou logo de mostrar que as semelhanças param em NYC e quatro amigas com personalidades bem diferentes. Isso porque Girls tem um jeito todo ácido e irônico de mostrar problemas como gravidez indesejada, complexo com o corpo, ser bancada pelos pais mesmo depois dos 25; bem diferente do mundo rosa-chiclete de Carrie Bradshaw e companhia.

Pois é, por isso escolhi uma cena que reflete bem o espirito da série. Esse é o final de um episódio da primeira temporada em que a personagem Hannah descobre que, além de ter contraído DST de um ex-namorado, o cara, agora, namora outro cara. Nesse momento, a música se torna um personagem responsável pela transição de uma Hannah pesarosa e deprê com as cagadas da vida para uma Hannah que faz desses mesmos acontecimentos parte do que ela é.

A música da Robyn fala sobre uma guria que quer um cara que está pegando outra guria e que, no fim das contas, ela aceita o fato de não estar mais com ele e de que ela vai continuar dançando sozinha, independente e livre S/A. Para Hannah e Marnie, ela representa a aceitação das coisas como elas são e que não se pode ser perfeita, de que não dá para simplesmente ‘fechar os olhos’ para as coisas que fogem do nosso controle e fingir que elas não estão acontecendo a nossa volta.

Não dá uma vontade louca de sair dançando pela casa ao som de Dancing on My Own igual a Hannah e a Marnie? Tanto é que, hoje em dia, sempre que preciso de um incentivo moral coloco essa música para tocar e levanto da cama like a diva!

Assista a cena: https://youtu.be/eBb0UQihUZA
Girls (HBO)
1x03 - “All Adventurous Women Do”

Diretor, produtor e roteirista: Lena Dunham

Love & War & the Sea in Between – Josh Garrels


A música não tem cor, não tem cara. Não distingue Deus de Maomé; Iemanjá de Buda. Não divide republicanos de democratas. A música é um movimento puro de vertentes únicas. A música existe para elevar a alma em um patamar desconhecido pela realidade.

Por isso, ao me deparar com os vídeos extraídos de um documentário chamado "The Sea in Between" - que traz o artista Josh Garrels em performances ao vivo, em locais paradisíacos na Ilha de Mayne - comprovei o poder da música. Até então, não conhecia Josh Garrels, mas fiquei encantada com sua voz, presença e entrega da banda que o acompanhava. E foi aí que meu mundo parou. Descobri que o Josh, na verdade, é um cantor cristão. Algumas de suas músicas trazem temas muito abordados pelo cristianismo, como na linda “Pilot Me” em que ele discorre sobre a presença de um Deus que “pilote” a sua alma caso ele sucumba.

Aí é que está, não sou religiosa, não tenho religião definida e, por vezes, rejeitei música cristã por achar “endeusadora” demais. Mas claro, o universo e suas conspirações precisavam pregar essa peça em mim e me fazer pagar a língua. Josh Garrels me encantou exatamente com a “Pilot Me”, a única das músicas exibidas pelo canal da Mason Jar Music que tem essa “pegada cristã”. E me rendi. Aliás, se for ver, já tinha me rendido à música gospel que deu origem ao Rock, lá nos anos 50, mas essa é outra história.

Os vídeos me deixaram de cara e fui pesquisar para entender melhor o que era esse “The Sea In Between”. Mas antes de explicar o que é, acho melhor entendermos o que é a Mason Jar Music. A MJM é uma produtora de audiovisual e um coletivo criativo com sede em Brooklyn, NY. Segundo eles, “procuramos combinar ferramentas digitais acessíveis do século 21 com a experiência e as verdadeiras filosofias do processo analógico e artesanal para criar áudios e vídeos de alta qualidade”.

Seguindo esses moldes, a Mason Jar Music teve a ideia de convidar o Josh Garrels e sua banda para gravar um álbum audiovisual na Ilha de Mayne, no Canadá. A intenção era que fosse gravado um álbum orgânico, todo ao vivo em um canal só. Todo esse processo deu origem a um box com CD  "Love & War & The Sea in Between" e DVD do documentário chamado "The Sea in Between", para que as pessoas possam ter uma experiência completa. O intuito é oferecer aos consumidores de música um novo formato de álbum em uma era em que as pessoas pouco consomem CDs.

Em declaração no site do projeto, a MJM diz: “Esperamos dar ao público a oportunidade de fazer parte do processo, de conhecer Josh e o time da MJM, e sentir-se incluído, para investir no futuro de Josh e da Mason Jar Music. Acima de tudo, esperamos que este filme incentive os consumidores casuais a acompanhar e apoiar o trabalho e desenvolvimento de artistas que acreditam em como constroem carreiras em face da mudança de cenário”.

É isso, nada de novo na verdade. Alguns canais independentes no Youtube fazem isso a bastante tempo, mas acho que a minha intenção nem era mostrar o produto, mas o processo e a paixão desse grupo em fazer música boa, daquelas que nos “rouba” da realidade e nos tira do chão por alguns minutos. Daquelas que nos arrepiam.

Deixo vocês com o trailer do “The Sea In Between":
Trailer:


The Sea In Between, Josh Garrels
Ano: 2012

Produzido por: Mason Jar Music